Chefe que tomou carro de funcionária e foi preso em operação da PF tem prisão convertida em preventiva
30/04/2025
(Foto: Reprodução) Rodrigo Morgado é um dos investigados pela PF em uma operação contra o tráfico de drogas e, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, foi flagrado com uma arma sem documentação. Ele passou por audiência de custódia no Fórum de Barra Funda (SP). Rodrigo Morgado foi preso e teve veículos apreendidos durante Operação Narco Vela, da Polícia Federal
Redes sociais e PF
Rodrigo Morgado, preso em flagrante durante uma operação da Polícia Federal contra o tráfico internacional de drogas, passou por audiência de custódia nesta quarta-feira (30), no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Conforme apurado pelo g1, ele teve a prisão convertida em preventiva.
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Morgado foi detido por porte ilegal de arma durante a Operação Narco Vela na terça-feira (29). Ele ficou conhecido após sortear um carro em uma festa da empresa Quadri Contabilidade e tomar o veículo da funcionária vencedora, alegando descumprimento do regulamento; segundo ele, a mulher foi demitida por comportamento inadequado.
Ao g1, o advogado Octavio Rolim afirmou que recorrerá a decisão porque a arma encontrada com Morgado, uma 9 milímetros, tinha documentação de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC). Ele ressaltou que a detenção não tem relação com a operação, mas com a arma, que passou a ser de uso restrito após nova legislação (leia o posicionamento completo mais abaixo).
Na decisão, o juiz juiz Antônio Balthazar de Mato não mencionou a nova legislação citada pelo advogado como motivo da manutenção da prisão, mas destacou que o empresário encontra-se vinculado a investigações de tráfico internacional, ameaça e vias de fato, o que o torna um risco à sociedade.
"Quem, sem autorização legal, dispõe-se a andar armado, mormente (principalmente) se envolto em práticas ilícitas, salvo hipóteses excepcionalíssimas, está pronto a cometer os mais sérios crimes tipificados em lei", destacou o juiz.
O que diz a defesa?
Mansão e veículos de luxo do empresário Rodrigo Morgado foram alvos de mandados de busca e apreensão durante operação da PF
Polícia Federal/Divulgação e Reprodução/Instagram
Ao g1, o advogado Octavio Rolim informou que Morgado passou a noite na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo. Ele garantiu que a defesa recorrerá a decisão da conversão da prisão.
Para isso, o defensor disse que vai apresentar uma defesa técnica baseada em casos semelhantes. Rolim entende que a decisão contra o cliente é injusta e deve ser sanada.
De acordo com o advogado, Morgado estava com a documentação da arma regularizada, mas uma nova legislação reverteu a permissão do calibre de 9 mm, tornando-o de uso restrito para cidadãos.
"Era anteriormente permitido. Então, aqui nós discutimos até o princípio da homogeneidade porque nós estamos falando de uma pena, se condenado, de 3 a 6 anos. Ou seja, ainda que pegue a pena mais gravosa, ela será iniciada em regime de cumprimento de pena semiaberto", disse Rolim.
Ele complementou: "Hoje, cautelarmente e sem condenação, ele está no regime fechado. Ou seja, completamente incompatível". Segundo o advogado, a defesa ainda está analisando o conteúdo das investigações e do que originou os mandados de busca em Bertioga, Santos e São Paulo.
Veículos apreendidos
Vídeos mostram mansão e veículos luxuosos de empresário preso durante operação da PF
O g1 teve acesso às imagens da mansão e dos veículos luxuosos do empresário Rodrigo Morgado. As imagens mostram o interior de um dos imóveis: uma mansão em um condomínio de luxo na Riviera de São Lourenço.
Como é possível ver no vídeo, a casa tem duas salas, cozinha, academia, área de lazer e piscina. Em frente ao imóvel, os policiais federais apreenderam uma Ferrari 296 GTB na cor vermelha, avaliada em mais de R$ 4 milhões.
Em outro endereço relacionado ao empresário, em São Paulo, os agentes apreenderam outro veículo de luxo: uma Lamborghini na cor roxo. Foi neste local que Morgado foi detido nesta terça após os policiais federais encontrarem a arma.
Mansão do empresário Rodrigo Morgado foi alvo de mandado de busca e apreensão em Bertioga, SP
Danilo Santos/TV Tribuna
Carros do empresário Rodrigo Morgado foram apreendidos em Bertioga e São Paulo
Polícia Federal/Divulgação
Mansão do empresário Rodrigo Morgado foi alvo de mandado de busca e apreensão em Bertioga, SP
Polícia Federal/Divulgação
Operação Narco Vela
A Operação Narco Vela foi deflagrada em cinco estados brasileiros e três países para desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas.
A investigação da Polícia Federal teve início após a DEA (Drug Enforcement Administration), que é a agência antidrogas dos EUA, comunicar a apreensão de 3 toneladas de cocaína em um veleiro brasileiro no alto-mar, próximo à África, em fevereiro de 2023.
A partir daí, a PF identificou um esquema voltado principalmente aos continentes europeu e africano, com uso de embarcações de longo curso e rastreamento por satélite.
O núcleo principal da organização criminosa operava a partir da Baixada Santista, onde a droga era armazenada e levada por lanchas rápidas até o alto-mar. Lá, era transferida para pesqueiros e veleiros, que seguiam até a costa africana, onde a carga era resgatada por outras embarcações menores. Segundo a Polícia Federal, 8 toneladas de cocaína já foram apreendidas.
Além das prisões, a PF informou que foram realizadas diversas apreensões, como carros de luxos, embarcações e drogas. A Justiça Federal também determinou o bloqueio e apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhão.
Sorteio do carro
Empresário atribui demissão a comportamento de funcionária que perdeu carro que havia ganhado em sorteio
Reprodução
O sorteio de um Jeep Compass 2017 foi promovido pela Quadri Contabilidade, do empresário Rodrigo Morgado, para os funcionários em dezembro de 2024. A auxiliar contábil Larissa Amaral da Silva venceu o sorteio, mas perdeu o prêmio. Ela teve que devolver o carro à empresa por, segundo Morgado, ter descumprido o regulamento.
A funcionária foi demitida e a justificativa foi o comportamento inadequado, conforme informou ao g1 o empresário.
A jovem contou ter sido demitida após reclamações referentes ao carro, que, de acordo com ela, apresentou diversos problemas mecânicos desde que foi entregue.
De acordo com as regras estipuladas pela empresa, o carro só seria transferido para o nome do vencedor após o cumprimento de metas, como captação de clientes e participação em treinamentos internos.
Larissa Amaral ganhou carro em sorteio da empresa
Reprodução
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