Justiça aumenta repasse ao Cândido Ferreira e reduz prazo para acerto com Campinas

  • 04/07/2025
(Foto: Reprodução)
Juiz determina pagamento de R$ 6,5 milhões mensais, valor ofertado pela Prefeitura em negociação, com garantia de manutenção integral dos serviços. Fachada do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, em Campinas (SP) Gabriella Ramos O juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Campinas (SP) reformou, nesta sexta-feira (4), a liminar que determina a continuidade forçada dos serviços prestados na área de saúde mental na rede municipal de saúde pela Associação Dr. Cândido Ferreira. Com a decisão, houve reajuste do valor do repasse para "garantir a manutenção integral da asssistência", e redução do prazo de prorrogação do contrato de 180 para 90 dias, para que tanto prefeitura como a associação encontrem "rapidamente" uma solução definitiva. Siga o g1 Campinas no Instagram 📱 Pela decisão, Campinas deverá repassar R$ 6,5 milhões referentes ao custeio dos serviços e outros R$ 70 mil para medicamentos - oferta apresentada pela municipalidade durante audiência de conciliação, mas rechaçada pelo Cândido Ferreira, que defendeu que para adequação a esse valor seria necessário desmobilizar serviços e desligar 114 funcionários. O juiz Francisco José Blanco Magdalena destaca que o aumento ocorre por entender que o próprio município de Campinas, "reconhecendo a necessidade de ajustar valores", ofertou o repasse, e por isso adotou o novo valor no período de prorrogação. Já o prazo de prorrogação, contado a partir de 1º de junho de 2025, foi reduzido de 180 para 90 dias, atendendo a pedido do Ministério Público (MP), que manifestou "preocupação com a sustentabilidade financeira da entidade e o risco de precarização do serviço". "As dificuldades financeiras alegadas e a necessidade de uma solução definitiva recomendam a redução do prazo da prorrogação forçada. Um período de 90 (noventa) dias mostra-se mais razoável, pois confere prazo suficiente para que a Administração Pública adote as medidas necessárias para a normalização definitiva do serviço (...), ao mesmo tempo em que impele as partes a agirem com a máxima urgência que o caso requer, sem onerar excessivamente a entidade", diz o juiz em trecho da decisão. O Cândido Ferreira é responsável por 5,5 mil atendimentos de saúde mental pelo SUS na metrópole. Em nota, a Prefeitura de Campinas informou que irá continuar as tratativas com o Cândido Ferreira em busca de uma solução definitiva. "A Prefeitura de Campinas recebe a decisão como um reconhecimento judicial da regularidade do valor apontado pela municipalidade para a manutenção regular do convênio, em sua integralidade, sem nenhum prejuízo à prestação de serviços e sobretudo da população atendida. As tratativas entre a Prefeitura e o Cândido Ferreira continuarão até que se encontre uma solução definitiva, que permita que a Prefeitura assuma alguns serviços hoje oferecidos pela instituição. A Prefeitura vai cumprir o prazo, agora fixado em 90 dias, a partir de 1º de junho", diz o texto. 👓Leia também: Profissionais e usuários do serviço de saúde mental protestaram nesta semana Entidade diz que demora em reajuste põe atendimentos em risco Entenda como antigo hospício se tornou referência internacional em saúde mental Impasse nas negociações Segundo o serviço, o convênio com a administração municipal deveria ser renovado em maio. A expectativa da entidade era que, com o novo contrato, houvesse um reajuste de 23% no valor do repasse da Prefeitura, passando de R$ 6.068.301,83 para R$ 7.418.987,77. O Cândido também afirma que desde 2021 o repasse é feito sem qualquer reajuste. No entanto, a administração municipal ofereceu um reajuste de 5%. Após a proposta, o Cândido Ferreira afirma que realizou cortes e fez um novo plano, pedindo o reajuste de 16%. No entanto, a proposta da Prefeitura de Campinas permaneceu a mesma. Diante do impasse, a prefeitura de Campinas obteve liminar na Justiça para continuidade do contrato por seis meses, a partir de 1º de junho, até que sejam concluídas as negociações - decisão que foi alterada pelo juiz nesta sexta (4), reduzindo o prazo para 90 dias. O superintendente do serviço de saúde informou que a demora por um acerto no reajuste do contrato com a prefeitura coloca em xeque a prestação do serviço. A entidade responsável por 5,5 mil atendimentos de saúde mental pelo SUS na metrópole. O valor recebido é utilizado para o pagamento de cerca de 850 funcionários que prestam a assistência de saúde mental na cidade. Reajuste não cobre despesas, diz entidade Na época em que a liminar foi expedida, a diretoria do serviço de saúde informou à EPTV, afiliada da TV Globo, que já tinha sido notificada da decisão. O documento da Justiça estabelece um reajuste de 3,29% por 180 dias sobre o valor total repassado ao Cândido mensalmente, o que, segundo a instituição, não cobre as despesas. Ainda segundo o serviço de saúde, a prefeitura propôs prorrogar o convênio sem nenhum reajuste por 12 meses, oito meses e, finalmente, por três meses, mas a proposta não foi aceita pois o Cândido não teria recursos para bancar o atendimento sem reajuste por esse período. Apesar do impasse, até o momento, nenhum funcionário está sem salário. Em caso de descumprimento da liminar, o Cândido Ferreira será multado em R$ 100 mil reais por dia. "A saúde mental é uma área muito frágil. O que está acontecendo hoje, inclusive, está instabilizando as pessoas que trabalham na saúde mental e pessoas que usam a saúde mental", comenta o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Paulo Mariante. "A situação do impasse depende que a Prefeitura compreenda que ela precisa remunerar de forma adequada o serviço que o Cândido presta". Sobre a liminar, a Secretaria de Saúde de Campinas reforçou que o documento "assegura a continuidade dos atendimentos realizados por meio do convênio com o serviço de saúde Dr. Cândido Ferreira", e que "vai servir para que as negociações entre a prefeitura e a entidade sejam concluídas com responsabilidade e segurança jurídica". A Secretaria ressaltou "o compromisso de seguir em negociação com o Cândido Ferreira". Entenda o convênio O Serviço de Saúde Doutor Cândido Ferreira explica que dos 14 CAPS da metrópole, 11 são assistidos por eles. Cerca de 850 a 950 pessoas estão envolvidas. Informou também que, caso o contrato não fosse renovado, poderia deixar de atender a Prefeitura. A Secretaria de Saúde informou que o prazo de seis meses definido pela Justiça servirá para que as negociações entre a Prefeitura e a entidade sejam concluídas com responsabilidade e segurança jurídica. Cândido Ferreira espera novo acordo com a Prefeitura de Campinas VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/07/04/justica-aumenta-repasse-ao-candido-ferreira-e-reduz-prazo-para-acerto-com-campinas.ghtml


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